Eurocentrismo e currículoApontamentos para uma construção curricular não eurocêntrica e decolonial

  1. Melo, Alessandro de 1
  2. Ribeiro, Débora 2
  1. 1 Universidade Estadual do Centro-Oeste
    info

    Universidade Estadual do Centro-Oeste

    Guarapuava, Brasil

    ROR https://ror.org/03cxsty68

  2. 2 Universidade Federal do Paraná
    info

    Universidade Federal do Paraná

    Curitiba, Brasil

    ROR https://ror.org/05syd6y78

Revue:
E-curriculum

ISSN: 1809-3876

Année de publication: 2019

Volumen: 17

Número: 4

Type: Article

DOI: 10.23925/1809-3876.2019V17I4P1781-1807 DIALNET GOOGLE SCHOLAR lock_openAccès ouvert editor

D'autres publications dans: E-curriculum

Résumé

O Pensamento Decolonial Latino-Americano emerge de um grupo de teóricos e teóricas localizados epistemicamente no sul do mundo, cujas reflexões partem da ferida colonial, daqueles e daquelas que tiveram suas vozes e experiências suprimidas pela colonização e modernização. Diante disso, o objetivo que guia a escrita deste texto é analisar as discussões sobre o currículo e a proposta alternativa de educação encabeçada pelo movimento zapatista via pensamento decolonial, a fim de contribuir para uma construção curricular não eurocêntrica, decolonial e decolonizadora. Para tanto, realizei uma pesquisa teórica buscando elementos no pensamento decolonial, nas teorias críticas e não críticas do currículo, e na proposta alternativa de educação encabeçada pelo zapatismo, a fim de contribuir para a reflexão sobre o eurocentrismo no currículo. A partir dessa análise, percebe-se que o currículo dentro das tendências tradicional, tecnicista e renovada representa vários aspectos da colonialidade do poder, ser e saber, excluindo os conhecimentos e identidades dos povos e grupos sociais subalternizados. E que mesmo quando tendências críticas procuraram repensar o currículo dentro do pensamento ocidental, isso aconteceu dentro das orientações do pensamento eurocêntrico, apesar de constituírem importantes contribuições. No entanto, as alternativas de educação dos movimentos sociais latino-americanos, como o zapatismo, apontam e já constroem uma educação decolonial e não eurocêntrica. Os diferentes tipos de conhecimento são considerados em equidade de diálogo, são resgatados e valorizados. Tal discussão torna-se importante na medida em que uma transformação social só é possível juntamente com uma transformação epistêmica, já que a racionalidade ocidental sustenta e sustenta-se sobre o mundo moderno/colonial.

Références bibliographiques

  • APPLE, Michael W. Ideologia e Currículo. São Paulo: Brasiliense, 1979.
  • BARONNET, Bruno. Zapatismo y educación autónoma: de larebelión a ladignidad indígena. Sociedade e Cultura, v. 13, n. 2, dez. 2010, p. 247-258. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fchf/article/download/13428/8666. Acesso em: 25 fev. 2018.
  • BRANDÃO, Ramon Taniguchi Piretti. Estruturalismo e pós-estruturalismo: uma arqueologia dos conceitos e o lugar ocupado por Foucault. Estação Científica (UNIFAP), v. 5, n. 1, p. 33-46, jan./jun. 2015. Disponível em: https://periodicos.unifap.br/index.php/estacao/article/view/1742. Acesso em: 25 fev. 2018.
  • CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. Prólogo. Giro decolonial, teoría crítica y pensamientoheterárquico. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (Org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad más alládel capitalismo global. Bogotá: SiglodelHombre Editores; Universidad Central de EstudiosSocialesContemporáneos y PontificiaUniversidadJaveriana, Instituto Pensar, 2007, p. 9-24.
  • COSTA, Marisa Vorraber; SILVEIRA, Rosa Hessel; SOMMER, Luis Henrique. Estudos culturais, educação e pedagogia. Revista Brasileira de Educação, n. 23, 2003, p. 36-61. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rbedu/n23/n23a03.pdf. Acesso em: 25 fev. 2018.
  • CUNHA, Marcus Vinicius da. John Dewey e o pensamento educacional brasileiro: a centralidade da noção de movimento. Revista Brasileira de Educação, n. 17, maio/jun./jul./ago. 2001, p. 86-99. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rbedu/n17/n17a06. Acesso em: 25 fev. 2018.
  • DEWEY, John. Experiência e educação. 3 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979.
  • DUSSEL, Enrique. Europa, modernidad y eurocentrismo. In: LANDER, Edgardo (Org.). La colonialidaddel saber: eurocentrismo y cienciassociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000, p. 41-54.
  • GIROUX, Henry. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
  • GOODSON, Ivan F. Currículo: teoria e história. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
  • GUTIÉRREZ, RaúlNarváez. Impactos delzapatismoenlaescuela: análisis de ladinámica educativa en Chiapas (1994-2004).LiminaR, EstudiosSocialesy Humanísticos, v. 1, n. 1, jun. 2006, p. 92-111. Disponível em: liminar.cesmeca.mx/index.php/r1/article/view/199/182. Acesso em: 25 fev. 2018.
  • MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre lacolonialidaddel ser: contribuciones ao desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (Orgs.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad más alládel capitalismo global. Bogotá: SiglodelHombre Editores; Universidad Central de EstudiosSocialesContemporáneos y PontificiaUniversidadJaveriana, Instituto Pensar, 2007, p.127-168.
  • MARÍN, Patricia C. Memoria colectivahaciaunproyectodecolonial. In: WALSH, Catherine (Org.) Pedagogíasdecoloniales:prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir Tomo I. Serie PensamientoDecolonial. Equador: AbyaYala, 2013, p. 33-103.
  • MARQUES, Luiz Antônio Barbosa G. Democracia, justiça, liberdade: lições da Escuelita Zapatista. Orientador: Marcelo Carvalho Rosa. 2014.Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Departamento de Sociologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
  • MIGNOLO, Walter. La colonialidad a lo largo y lo ancho: elhemisferiooccidentalenel horizonte colonial de lamodernidad. In: LANDER, Edgardo (Org.). La colonialidaddel saber: eurocentrismo y cienciassociales. Perspectivaslatinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000, p. 56-85.
  • MIGNOLO, Walter. The Zapatistas’s Theoretical Revolution: It’s Historical, Ethical and Political consequences. In: The darker side of western modernity: global futures, decolonial options. Durham, London: Duke University Press, 2011, p. 213-251.
  • MOREIRA, Antonio Flávio B. Currículos e programas no Brasil. 15 ed. Campinas, SP: Papirus, 1990.
  • MOREIRA, Antonio Flávio B. SILVA, Tomaz Tadeu da. Sociologia e teoria crítica do currículo: uma introdução. In: MOREIRA, Antonio Flávio B. SILVA, Tomaz Tadeu da (Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. 6. ed., São Paulo: Cortez, 2002. p. 7-37.
  • QUIJANO, Aníbal. Colonialidaddel poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). La colonialidaddel saber: eurocentrismo y cienciassociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000. p. 201-249.
  • QUIJANO, Aníbal. Colonialidaddel poder y clasificación social. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (Orgs.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad más alládel capitalismo global. Bogotá: SiglodelHombre Editores; Universidad Central de EstudiosSocialesContemporáneos y PontificiaUniversidadJaveriana, Instituto Pensar, 2007, p. 93-126.
  • RASTREPO, Eduardo; ROJAS, Axel. Inflexióndecolonial: fuentes, conceptos y cuestionamentos. Colombia: Editorial UniversidaddelCauca, 2010.
  • SACRISTÁN, Gimeno J. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
  • SANTOS, Boaventura de Sousa. Um Ocidente Não-Ocidentalista?: a filosofia à venda, a douta ignorância e a aposta de Pascal. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. Portugal, Coimbra: Edições Almedina, 2009. p. 445-486.
  • SANTOS, Boaventura de Sousa. Descolonizar el saber, reinventar el poder. Uruguay, Montevideo: EdicionesTrilce, 2010.
  • SANTOS, Juliana Silva dos. O movimento zapatista e a educação: direitos humanos, igualdade e diferença. Orientadora: Flavia Schilling. 2008. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008.
  • SAVIANI, Dermeval. História das Idéias Pedagógicas no Brasil. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.
  • SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
  • SILVA, Tomaz Tadeu da.O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. Belo Horizonte, Autêntica, 2006.
  • SOUZA, Luciana Palhares de. O Movimento Zapatista e seu projeto de emancipação: elementos de uma educação não formal para a autonomia. Disponível em: http://www.estudosmayas.net/SOUZA.pdf. Acesso em: 17 jan. 2018.
  • VEIGA-NETO, Alfredo. Cultura, culturas e educação. Revista Brasileira de Educação, n. 23, p. 5-15, 2003. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rbedu/n23/n23a01. Acesso em: 25 fev. 2018.
  • WALSH, Catherine. Interculturalidad crítica y educación intercultural. 2009. Disponível em: http://www.uchile.cl/documentos/interculturalidad-critica-y-educacion intercultural_110597_0_2405.pdf. Acesso em: 23 mar. 2017.
  • WESTBROOK, Robert B. Ensaio. In: WESTBROOK, Robert B.; TEIXEIRA, Anísio; ROMÃO, José Eustáquio; RODRIGUES, Verone Lane (Orgs.). John Dewey. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010, p. 11-31.
  • ZIBECHI, Raúl. Descolonizar laRebeldía. (Des) colonialismo delpensamiento crítico y de lasprácticasemancipatorias. Málaga: Baladre; Zambra; Ecologistas enacción. 2014.